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Pescaria da vida

Arigatou Batyan!
Descanse em paz!

Infelizmente minha avó, nossa querida Batyan, partiu para uma outra aventura ao lado de Deus. Não tive a oportunidade de apresentá-la ao seu novo bisneto enquanto viva. Mas tenho certeza de que onde estiver, sempre nos vigiará para saber se estamos trocando as fraldas direito.

Ontem mesmo foi o seu velório. E como em toda cerimônia póstuma, alguém deveria falar umas últimas palavras sobre o ente querido que se foi. Ficou a cargo de meu pai que como já era esperado, não conseguiu dizer mais do que um “Muito obrigado”. Alguns minutos antes, ele já havia previsto isso e me pediu que eu dissesse algo em seu lugar. Eu não faria melhor, sua emoção falou mais alto do que qualquer palavra.

Mas voltei para casa pensando no que eu poderia ter dito se eu pudesse falar algo sobre a Batyan. Se conseguisse abrir a boca, e retirar o nó que estava em minha garganta, seria mais ou menos assim:

Hoje a nossa querida Batyan foi para o céu. Parece que a convidaram para uma pescaria por lá. E quem a conhece, sabe que ela larga tudo o que está fazendo para ficar ali, o dia todo aguardando a fisgada de um bom peixe. Ela poderia estar com as piores dores nas pernas, com uma gripe terrível, era só dizer “Batyan, vamos pescar?” e ela se levantava, arrumava seu equipamento de pesca, colocava seu chapeuzinho e entrava no carro às pressas.

Bem, nesse momento ela deve estar lá ao lado do meu avô, que guardou aquele lugarzinho especial às margens do lago, debaixo de uma enorme árvore onde daqui a pouco irão fazer aquele belo piquenique. Os dois estão lá sorrindo e olhando para esse pequeno cardume que aqui está, comentando como foi boa a pescaria aqui na Terra. Os filhos bem vividos, os netos bem encaminhados e alguns bisnetos pipocando por aí. Pois é, missão cumprida! Agora é só relaxar e partir para uma nova pescaria!

Muito obrigado por tudo, Batyan! Descanse em paz!

Ah o AMOR!

AMOR é uma palavra que parece estar fora de moda. Mesmo porque são poucas as vezes que sentimos o verdadeiro AMOR. Gostar, apaixonar, simpatizar… não é AMAR. É um sentimento tão profundo que muitas vezes dói. Mas é uma dor gostosa, que te deixa com um enorme sorriso estampado no rosto por muito e muito tempo.

Quando você AMA, todos os problemas do mundo somem, independente de seu tamanho. Parece que sua alma é alimentada pela mais pura luz. Você entra em transe e se desliga daquele mundo imperfeito onde você vive.

Posso dizer que senti esse AMOR duas vezes em minha vida. Quando conheci minha valente e sempre AMOROSA esposa e quando vi VOCÊ pela primeira vez!

Bem-vindo ao mundo RAFAEL! Tão pouco te conheci e já te AMO tanto!

rafael
Rafael

Ganhei um presente bacana de minha maninha, mas eu (mais apressado que o Rafa) consumi antes da hora!

Charutos de chocolate
Charutos de chocolate

Pretinha e Nós

Em um belo dia em minha infância, muito antes da Pretinha, meu pai chegou com uma caixa de papelão no banco de trás do carro, e dentro dela estava Pici. Meio boxer e meio pastor alemão (ou canguru), Pici era um cachorro que não tinha nascido para ser domesticado. Talvez por ter sido nosso primeiro cachorro, tínhamos muito medo que ele pudesse nos fazer algum mal. Um dia ele pulou um muro de 2 metros de altura e fugiu de casa.

Depois dele veio Duke, o meio pastor belga. Mesmo sendo um cão bem atrapalhado, foi fiel até o último dia de sua vida defendendo a paz em nosso lar. Sua morte cruel e repentina foi um choque para todos. Chegar em casa e não ter aquele amigão para recepcioná-lo era de uma tristeza muito grande.

Não aguentamos a falta de Duke e algumas semanas após esse incidente, eu e minha esposa fomos para uma feira de cães (feira ao pé da letra, com barraquinhas e hora da Xepa) que fica no parque Villa Lobos, encontrar não um substituto mas um novo companheiro para a família. E como o Natal já estava próximo, decidimos que seria um ótimo presente para meu pai.

Caso não encontrasse o “presente” ideal, ver filhotes de cachorro sempre é um passeio de final de semana agradável. Tinha de tudo, beagles (muito inquietos), pastores, yorkshires (uma praga, todo lugar tem um), poodles (não, obrigado), boxers (não outro Pici), rotveilers (doberman 2 – ele está de volta), pitbulls (doberman 3 – armado e perigoso), labradores… Opa! Labradores são companheiros, bonitos, inteligentes, porte e tamanho bons. Poderia ser uma boa. O único problema é que aqueles que estavam na  feira eram muito magrinhos e desanimados, pobres animais. Bem, hoje não era o dia, vamos embora – pensei.

A caminho para nosso veículo, vimos uma moça com um labrador e dois filhotões dentro do porta-malas do carro. Eram dois labradores negros, lindos. Os dois últimos de uma ninhada de oito. Mas um desses ao nos ver, logo se levantou, abanou o rabo e nos lançou aquele olhar de cachorro abandonado. Amor à primeira vista. Era uma fêmea! Fomos então apresentados ao pai, um enorme labrador chocolate, cabeça grande, porte de caçador, pêlo brilhante e o mais importante: quieto e educado! Era o cachorro dos nossos sonhos. Da mãe, de quem os filhotes herdaram a cor, só vimos a foto (alguma semelhança com o livro Marley e Eu?). OK, vou dar mais uma pesquisada sobre a raça na internet e volto depois! Fui caminhando, minha esposa com uma enorme dor no coração deu um último carinho na cachorrinha e me acompanhou. Nisso, aquela bolinha preta e peluda salta do porta-malas, se espatifa no chão e a segue.  A dona desesperada, logo a agarrou e a colocou novamente junto ao pai.

Entramos no carro, minha esposa me olha e diz: Ela quer vir conosco! Vamos levá-la! E quem sou eu para enfrentar dois olhares de cão abandonado em um só dia? A bolinha pretinha foi para casa quietinha no colo de minha esposa. É como se finalmente tivesse encontrado a paz que a tanto tempo procurava. Quem disse que almas gêmeas não existem? Assim começou uma longa história de amor!

 

Pretinha e Nós